Publicado dia 28 de dezembro de 2014
Paulo C Pereira
https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/11/nao-entendi-nada-afirma-estudante-surda-que-prestou-prova-do-enem.html
REPORTAGEM SOBRE UMA JOVEM SURDA QUE PRESTOU EXAMES NO ENEM.
'Não entendi nada', afirma estudante surda que prestou a prova do Enem
Jovem recebeu auxílio de intérprete, mas tradução foi apenas de palavras. Profissional diz que surdos precisam entender o contexto das orações.
Orion PiresDo G1 Santos FACEBOOK TWITTER Natalia vai entregar carta à promotoria de Justiça (Foto: Natalia Carla/Arquivo Pessoal) Uma estudante surda de Santos, no litoral de São Paulo, encontrou dificuldades para responder às questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado no último fim de semana. Embora uma legislação específica garanta que o candidato com deficiência auditiva receba auxílio de um intérprete em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), as duas profissionais que assistiram Natália Carla, de 19 anos, traduziam apenas palavras, seguindo uma recomendação da coordenadoria regional da prova. A norma dificultou a interpretação do contexto das perguntas e alternativas por parte da jovem, já que LIBRAS não utiliza preposições ou conectivos em textos, como a língua portuguesa.
A estudante escreveu uma carta de próprio punho e levará o caso à promotoria de Justiça, sugerindo mudanças.
No documento, ela relata a dificuldade que encontrou durante o exame. “O surdo não entende a estrutura da língua portuguesa. Apenas quem fala português entende o Enem. Os surdos precisam de interpretação do conteúdo de toda a prova. Não entendi nada. Precisamos de Tudo em Libras, por favor”, pede a jovem.
As provas do Enem devem seguir a Recomendação nº 001/2010 do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade) que aborda sobre “a aplicação do princípio da acessibilidade à pessoa surda ou com deficiência auditiva em concursos públicos, em igualdade de condições”. Libras foi oficializada como a segunda língua brasileira, após a publicação da Lei nº 10.436/2002.
Elayne é intérprete da jovem Natalia Carla (Foto: Elayne Kanashiro/Arquivo Pessoal)
A intérprete de Libras e professora do Instituto Federal de São Paulo, Campus Cubatão Elayne Kanashiro, explica que a leitura do surdo é diferente da de quem possui uma audição perfeita. Segundo ela, que é professora da garota mas não a acompanhou durante a prova, os surdos profundos, como são chamados aqueles que não escutam nenhum tipo de som, precisam entender o contexto da frase.
"Embora eu não tenha trabalhado na prova, conversei com várias colegas e alunos que me relataram essa dificuldade.
O intérprete foi direcionado a traduzir apenas as palavras por recomendação que recebeu dos coordenadores. O problema é que precisamos respeitar o contexto do surdo, com a interpretação das palavras e orações". Carta de próprio punho foi escrita pela jovem (Foto: Reprodução)
No entanto, uma recomendação do próprio site do Enem deixa dúvidas. No regulamento consta que, em caso de dúvida nas orações o candidato pode pedir ajuda. "Mas como você só vai traduzir palavras se eles não compreendem somente as palavras soltas?", questiona.
Natalia é aluna de Elayne e relatou a dificuldade à intérprete. Ela pediu ajuda para levar o caso à promotoria de Justiça, pedindo atenção à causa. "Ela ficou desmotivada, porque ninguém traduziu nada, somente palavras e ela não entendeu o contexto. Poucas coisas e isso não adianta. Nem alternativa nem pergunta. A menina saiu sem entender. Ela não conseguiu se concentrar para entender o que estava escrito porque ficou nervosa com a situação", revela. A jovem finaliza a carta fazendo um apelo: “Eu quero uma intérprete para traduzir tudo e eu entender bem", afirma. Em nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pelo Enem, afirma que vai aguardar a chegada das atas dos locais e analisar as ocorrências.
*Colaborou Wagner Tavares, da TV Tribuna
PUBLICADO 06 DE DEZEMBRO DE 2014
RENATA FUDO COLUNISTA NO JORNAL CONEXÃO PUBLICA A SEGUINTE MATÉRIA
No artigo de hoje trago a vocês, leitores,
o relato de um surdo traduzido da LIBRAS para a escrita :
”Há tanta coisa que queria dizer, há tanta coisa que queria saber, mas é tão difícil entender! Como gostaria de poder explicar o que sinto, desabafar e você entender... mas gostaria de fazer tudo isso de um modo mais fácil, não com as mãos para me ajudarem, não é fácil. Às vezes faço isso em sua frente e você nem percebe, será que é tão fácil, assim para você?Afinal você é perfeita. Você tem tudo o que eu gostaria de ter... Eu vivo no mundo dos sonhos e das ilusões, falo pelos gestos e expressões, o silêncio grita dentro de mim! Sabia que seu mundo é colorido e você nem percebe?Sabe por quê?Por que você não dá valor ao que tem. Se vivesse no silêncio perceberia que esse processo é dolorido e complicado, sentiria isso e veria o quanto eu sofro por ver você com tudo o que tem. Se você acha que não é feliz, troque comigo! Um só momento de sua vida, um segundo será uma eternidade para mim. Quer saber quem sou eu, o que sinto, ou o que penso? É fácil viva em ilusões, imagine coisas que você acha que ninguém poderia imaginar. Quando não tem som algum? Eu sou assim todos os dias, perdi minha audição aos cinco anos de idade, quando uma doença chamada Meningite por alguma razão resolveu levar meu som, e essa infecção espalhou –se por todo meu sistema nervoso central. Então, quer sentir o que sinto? Sinto solidão! E por mais que você tente não conseguiria entender. Por favor nunca pergunte quem sou eu ,espere me falar. Eu sei que é difícil para você me entender, mas é porque quero ser igual a você, me sentir útil, e quando você não vê isso aí eu me sinto tão só, isolado neste mundo silencioso. Tenho medo de falar isso a você, acho que irá me abandonar como muitos interpretes já fizeram.Afinal tudo que me ensinou sem antes me conhecer foi inútil !Por isso comece desde já, procure me entender,mesmo que eu pise em você,continue, pois isso fará parte do desafio.Me ensine tudo que você sabe ,me ensine as coisas que para você são banais ,que isso me trará muita felicidade.Mas ensine mesmo assim, a agradecer a Deus e a você por acreditar em mim. ‘’
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31 de outubro de 2014 • 10h22 • atualizado às 10h36
Pessoas com deficiência ainda têm participação baixa na PEC Homens representam 26,4% da população economicamente ativa, enquanto 20,8% das mulheres ocupam esse espaço.
Ao todo, 23,9% da população brasileira - o que equivale a 45,6 milhões de pessoas - tem pelo menos um tipo de deficiência, seja ela auditiva, visual, motora ou intelectual. Quando consideramos deficiência em grau severo - dificuldade para ouvir, enxergar, caminhar e subir escada, entre outros -, esse número é de 12,8 milhões de pessoas, o que correspondente a 6,7% da população total. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Quando se fala em mercado de trabalho para pessoas portadoras de deficiência, pode se verificar que, apesar das leis recentes que abrem vagas nas empresas a pessoas com deficiência, a participação desses brasileiros na população economicamente ativa ainda é pequena.
Os homens representam 26,4% da população economicamente ativa, enquanto 20,8% das mulheres ocupam esse espaço. Palmas, Brasília e Macapá foram capitais onde as mulheres com deficiência tiveram mais participação no mercado de trabalho. Em geral, as mulheres são maioria nas duas faixas de pesquisa: tanto no total de pessoas que apresentam alguma deficiência (25,8 milhões contra 19,8 milhões de homens), quanto na severidade (com 7,1 milhões do total). O Nordeste é onde os índices de deficiência são maiores para ambos os sexos.
Alguns fatores influenciam na constatação de que mulheres possuem maior número de deficiências que os homens. Um deles, por exemplo, é a maior perspectiva de vida que elas têm em relação a eles. Com isso, as deficiências que aparecem na terceira idade são registradas, em sua maioria, em pessoas do sexo feminino. Segundo o IBGE, mulheres idosas possuem deficiência visual, mental e motora mais severas que os homens. Esses, por sua vez, apresentam maior deficiência auditiva.
Em relação à inserção social de crianças com deficiência, os dados mostram que essa condição não os afasta da escola. Isso porque 86,3% dos meninos e 88,4% das meninas com alguma deficiência em grau severo entre os 6 e os 14 anos de idade estavam na escola em 2010. Os que têm deficiência motora ou intelectual estão entre os que encontram dificuldades para ir à escola seja por falta de estrutura na escola, em casa ou no trajeto.
O estudo indica avanços no Brasil na proteção das pessoas com deficiência, principalmente das crianças, com uma renda estável de um salário mínimo para auxiliar nos gastos com os cuidados necessários, mas adverte que é preciso seguir investindo em estrutura de cuidado e educação para essas crianças, já que, em geral, o papel de cuidadora recai sobre as mulheres que ficam impedidas de acessar o mercado de trabalho.
fonte da noticia publicada no site do terra: https://noticias.terra.com.br/brasil/pessoas-com-deficiencia-tem-participacao-baixa-na-pec,66e0326aaa269410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html